A Boas novas? Ainda haverá boas novas? A estrela não parece apontar para aí. Campeia o desemprego. A economia rasteja. A política atingiu, pela milésima vez, o seu grau zero, não poupando sequer os palhaços. Como se não bastasse, os ventos de fora são gelados. Não apenas de Espanha, também ela enterrada numa crise sem fim à vista. Os maus prenúncios vêm de mais longe, do Dubai e, principalmente, da Grécia um espelho em que muitos começam a ver Portugal reflectido.
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Talvez Miguel Esteves Cardoso tenha razão. Talvez tudo isto não seja mais do que "abismismo", essa paranóia que parece atacar cada vez mais portugueses que acreditam estar o seu país sempre à beira do abismo. Talvez o abismo não esteja tão perto quanto isso. Talvez seja apenas um plano inclinado. Uma coisa é certa: o caminho que temos trilhado e o rumo que temos seguido está errado. É preciso encontrar outro. Ter esperança de que havemos de o (re)descobrir. Juntar forças para a nova caminhada. Tratar das mazelas que os últimos passos deixaram. Recuperar os mais atingidos. Seguir os melhores e mais esclarecidos. Com esse desígnio, alegremo-nos com as notícias que nos chegam. Notícias que nos dizem que há homens que reconhecem em D. Manuel Clemente um exemplo do diálogo esclarecido e do empenhamento nas causas sociais de que o país e o Norte carecem. Uma obra que justificou a atribuição do prémio Pessoa. D. Manuel Clemente que O Tripeiro, com presciência, havia já decidido escolher para tema do seu número de Dezembro. D. Manuel Clemente, há dois anos e meio entre nós, na diocese do Porto, a espalhar alegria, a falar de esperança, a partilhar saber, a motivar determinação. Um reconhecimento nacional, de uma personalidade que fez o percurso ao contrário, de Lisboa para o Porto, da capital para a província, e que aqui encontrou, num contexto económico e social difícil, entre crentes e não crentes, o seu povo. Há dois anos, num artigo a que chamei a Invasão Mourisca, dava-lhe as boas-vindas pressentindo que seria "um reforço". Ainda em linguagem futebolística, confirmou-se ser um "craque". Era bom que o aguentássemos por cá!
As boas notícias não se ficam, felizmente, por aqui. Perdida nas pequenas notas dos jornais, a nomeação de Silva Peneda para presidir ao Conselho Económico e Social (CES) é motivo de regozijo. Como se diz na página de abertura do sítio do CES, este é o órgão constitucional de consulta e concertação no domínio económico e social. Procurar construir um consenso informado, que permita mobilizar os agentes económicos e sociais, é um dos principais desafios que enfrentamos. A experiência de Silva Peneda nas questões sociais, como ministro e deputado europeu, a sua capacidade para ouvir e estabelecer pontes, fazem dele uma excelente escolha. Há males que vêm por bem: a sua não recondução no Parlamento Europeu foi uma injustiça. Que os deputados o tenham designado por tão larga margem, honra-os.
Uma nota final para dois nomes de que, provavelmente, nunca ouviu falar. Carlos Abrunhosa e Pedro Pinheiro. Fundação da Juventude/Fábrica de Talentos é uma obra a que está ligado o primeiro. Throttleman é uma das marcas a que o segundo, com os seus sócios, tem dado expressão. Estiveram, e bem, no roteiro de Cavaco Silva. Dois exemplos de uma nova geração que aponta outros caminhos para o Porto e o Norte.