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Se pesquisar no Google, entre as profissões mais complicadas do mundo estão mineiros, limpadores de janelas em arranha-céus e até quem tem a missão de desativar campos de minas. Mas claramente estas listas estão desatualizadas, porque não vejo em lado nenhum a de CEO da Boeing. Kelly Ortberg tomou as rédeas da empresa no início de agosto e herdou um fardo pesado: as investigações aos acidentes com o 737 Max, diversos incidentes com aviões, a quebra de confiança dos clientes, desvalorização bolsista e sérias dúvidas sobre a ética de rigor que era espelhada na celebre frase "If it's not Boeing, I ain't going" (se não for Boeing, não vou).
Ainda não passou um mês no lugar e já Michael O'Leary, da Ryanair, lhe caiu em cima, culpando a Boeing por uma possível quebra de 500 milhões de euros em faturação e pela demora na entrega de novos aviões, mas calma, que há pior. É impossível saber se Ortberg está arrependido, mas perceber que a NASA teve de pedir boleia à SpaceX para ir buscar astronautas deixados ao abandono na Estação Espacial Internacional, porque o Starliner da Boeing não é seguro para os trazer de volta, terá sido uma pesada humilhação, numa empresa que durante anos foi símbolo do orgulho americano.