O Mercado do Bolhão foi esta semana notícia com o anúncio, pela Câmara Municipal do Porto, de que a primeira fase das obras se iniciaria no próximo dia 1 de agosto. Há mais de 25 anos que se fala na reabilitação do mercado, com sucessivas promessas de início de obras, com apresentação de projetos e de modelos de gestão e até com a abertura de concursos de concessão.
Nada foi feito, sendo vergonhosa a sucessão de visitas eleitorais ao Bolhão que, dando umas boas imagens televisivas, eram um sinal evidente da hipocrisia daqueles que, abraçando-se às vendedeiras, lhes espetavam, nas costas, a faca da indiferença pelo seu futuro e pelo futuro do mercado - eu próprio disse isso, às vendedeiras, informando-as de que nunca visitaria o mercado em período pré-eleitoral...
Nas autárquicas de 2013, o Bolhão foi, novamente, objeto de inúmeras visitas, propostas, projetos, orçamentos e prazos de conclusão. Debrucemo-nos, apenas, nas propostas feitas pelos candidatos que estão à frente da Câmara: Rui Moreira e Manuel Pizarro, que firmaram um acordo pós-eleitoral. Moreira, quiçá ainda influenciado pelo seu patrono Rui Rio, defendia a concessão do mercado a privados, que financiariam na íntegra a obra, que custaria 17 milhões de euros e estaria concluída na primavera de 2015! Pizarro, antes de ter abdicado do seu programa e de se ter comprometido a executar o programa de Moreira, considerava o projeto como o mais importante e urgente investimento municipal, recusava a privatização e anunciava um projeto que custaria 8 milhões de euros, que estaria concluído em 2015 e que não implicaria a saída de nenhum comerciante durante as obras...
Hoje, pelo que se sabe, foi abandonada, e muito bem, a ideia da concessão do Bolhão, mas aponta-se para um projeto que não se sabe (publicamente) quanto custará, mas que implicará a saída temporária dos comerciantes (ainda não se sabe por quanto tempo e para onde), apontando-se como data previsível de conclusão das obras "meados de 2019" - o que significa (mais) uma completa alteração das promessas feitas aos eleitores!...
E digo "pelo que se sabe", porque o projeto nunca foi apresentado e analisado pelos órgãos municipais, pelo que não foi aprovada nenhuma peça processual concreta do "mais importante e urgente investimento municipal" (nas palavras de Pizarro). E só perante a denúncia e a indignação da CDU, Moreira se comprometeu, agora, a convocar uma reunião extraordinária da Câmara para analisar o Bolhão! Esperarei, como S. Tomé...
*ENGENHEIRO
