Custa ver como a maior parte dos assuntos da atualidade são discutidos de forma empolada e nebulosa fugindo ao mais óbvio e cristalino bom senso.
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Os CTT - Por mais que o PCP se esforce no Parlamento e por mais que António Costa responda corretamente - ou seja que o Governo nada pode fazer - mas envelopando a resposta num anátema ideológico contra as privatizações, a verdade é que o negócio mudou e que o residual do negócio antigo é apenas necessário em locais aonde não há gente que chegue para o viabilizar.
Portanto, o Governo tem a estrita obrigação de encontrar uma solução que, todos sabemos, não pode passar por forçar uma empresa privada a fazer seja o que for; e não me parece que seja para este tipo de problemas que existe um regulador.
O que mais necessitam as populações do interior é de ter um balcão, não para mandar cartas ou receber postais, mas para ter acesso simples a um pequeno conjunto de direitos e deveres que oscilam entre o recebimento da pensão ou o pagamento de algum imposto de que, na maioria dos casos, estão isentos.
Ora se é este o problema, reorganizem-se as estruturas que têm ainda grande capilaridade (por exemplo as juntas de freguesia) e preparem-nas para prestar este serviço. E será rede suficiente até porque mesmo no caso das uniões de freguesias a maioria das instalações manteve-se em cada localidade funcionando como polos da sede de freguesia.
E deixe-se aos Correios o que é dos Correios, cada vez mais operadores logísticos do comércio eletrónico que, por esta via, poderão um dia voltar ao interior.
Alojamento Local - Outra guerra sem quartel e sem juízo. Haverá três regras básicas universais que, tendo em conta o que já conhecemos do fenómeno nos outros países, devemos aplicar: não encher os prédios com AL, não encher as zonas históricas com AL e não deixar as cidades com apenas este tipo de disponibilidade. Chama-se quotas e não deverão ser assim tão difíceis de definir. Acessoriamente bailam um conjunto sério de temas que são apenas o core das políticas socioculturais de cada município e que agora se apresentam de forma mais desafiadora e mais complexa. Não se resolvem com gritaria nem com medo do que é novo. Resolvem-se com um discurso claro e intelectualmente honesto e com estudo exigente e pensamento criativo.
Bilhetes de futebol - Para minha casa convido quem eu quero. E não levo a mal que me peçam para ser convidado porque mantenho o poder de dizer que não. Onde está, portanto, o problema de se pedir para ir assistir a um jogo no camarote presidencial de um clube? O clube pode recusar e para pedir, garanto-vos, não é preciso ser ministro!
* ANALISTA FINANCEIRA