Bragança mobilizou-se para participar na marcha solidária em defesa dos valores do humanismo, da multiculturalidade e da paz. Numa cidade pouco acostumada a manifestações, mais de três mil pessoas saíram à rua para vincar o seu repúdio por todo e qualquer tipo de violência perpetrada seja por quem for.
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Para além dos estudantes e da comunidade do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), muitas foram as pessoas que não ficaram indiferentes ao testemunho de um jovem que deu a vida em Bragança para defender os valores em que acreditava.
Luís Giovani Rodrigues era feliz porque se sentia acolhido nesta cidade, como testemunhou o pai ao presidente do IPB, professor Orlando Rodrigues. Estava entusiasmado com o curso que frequentava em Mirandela. Confiava que este o iria ajudar a desenvolver as muitas qualidades que já lhe eram reconhecidas. Desde criança que tocava na igreja. Com outros dois amigos, tinha uma banda de música tradicional cabo-verdiana que começava a ter algum sucesso.
Era católico, escuteiro e membro do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Santiago, em Cabo Verde. Acreditava nos valores da fraternidade e defendia uma convivência pacífica entre todas as pessoas. Por isso, ao ver o seu amigo ser agredido à porta de um bar achou que conseguiria demover os agressores e salvá-lo. Não foi ouvido e acabou por ser atingido pelo golpe que lhe provocou a morte.
Perante isto Bragança deu um sinal claro que não pactua com a violência e que quer continuar a ser conhecida como uma cidade segura e, acima de tudo, acolhedora. Não só para os cabo-verdianos, mas para todos os estrangeiros que nela habitam, sobretudo os jovens que a escolheram para prosseguir os seus estudos. Todos continuarão a ser bem-vindos. Os estrangeiros têm significado um enriquecimento para esta cidade, até ao nível religioso. Muitos deles têm uma formação bem mais sólida do que a maioria dos nossos jovens: era o caso do Giovani.
Participam assiduamente nas várias eucaristias da cidade. Confessam-se habitualmente. Muitos deles estão a inserir-se nos diversos grupos paroquiais. Fazem leituras, são acólitos, cantam nos grupos corais, integram os movimentos e os grupos de jovens. Estão, também, a colaborar na dinamização da Pastoral do Ensino Superior.
O bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, conhece bem as virtualidades destes estudantes. Por isso terminou a homilia da eucaristia que encerrou a marcha solidária com este agradecimento: "Queridos jovens, muito e muito obrigado pelo vosso testemunho de fé, de fraternidade e de esperança!" Antes expressara o anseio de que Bragança "seja cada vez mais uma terra de paz, de justiça, de diálogo, de boa convivência, de reconciliação e de harmonia social com uma cidadania ativa, inclusiva e corresponsável".
Que todos os brigantinos se empenhem na edificação de uma cidade assim. E que todos os estudantes continuem a homenagear o seu colega Giovani, pugnando pelos valores da sã convivência e da rejeição de todo e qualquer tipo de violência.
*Padre