S. Paulo, 1959. Eleições para a vereação da cidade. Entre 540 candidatos, destaca-se Cacareco, recém-chegado do Rio de Janeiro. Cacareco foi o candidato mais votado, com mais de 100 mil eleitores, mas não chegou a cumprir o mandato.
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Foi recambiado para o Rio dois dias antes das eleições. Morreu jovem, com apenas oito anos, porventura amargurado com o golpe. Cacareco era um rinoceronte.
Vila Velha, Espírito Santo, 1987. Estava em causa a eleição do prefeito (presidente da Câmara). A cidade sofria uma epidemia de dengue. Os cidadãos elegeram Aedes Aegypti, nem mais nem menos que o principal responsável pela transmissão da doença, com mais de 29 mil votos. Um golpe eleitoral fez com que o lugar fosse atribuído a Magno Silva, segundo classificado, com 26 mil votos. Aedes era um mosquito.
Rio de Janeiro, 1988. Mais uma eleição para prefeito, desta vez na cidade maravilhosa. Tião ficou conhecido por ser o último "prisioneiro político" do país (o Brasil regressara há pouco à democracia) e teve até direito a concerto solidário. Apesar do mau feitio (atirava excrementos aos guardas e a quem o visitava), conseguiu mais de 400 mil votos e ficou em o terceiro entre 12 candidatos. Tião era um chimpanzé.
S. Paulo, 2010. "Tiririca, pior que tá, não fica". Uma mensagem política assertiva fez de Francisco Everando Oliveira Silva o deputado federal mais popular do Brasil: 1,3 milhões de votos. Um fenómeno tal que deu origem a um novo termo na Ciência Política: o "Efeito Tiririca". Voltou a ser eleito em 2014 e 2018. Nesta última, teve 453 mil votos. A mensagem não era tão boa: "Avisa pró povo, é Tiririca de novo". Tiririca é um palhaço.
Brasil, 2018. Os brasileiros preparam-se para eleger Jair Bolsonaro como presidente da República. É provável que se arrependam. Quem melhor o definiu foi o eurodeputado socialista Francisco Assis. Jair Bolsonaro é um canalha.
*CHEFE DE REDAÇÃO