Camilo é de Portugal, do Norte e de Famalicão
Corpo do artigo
Comemoram-se no próximo dia 16 de março os 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco, escritor genial que nos legou uma vasta obra literária a que o tempo não consegue retirar brilho, importância e atualidade. Camilo é um dos grandes vultos do país, e não fosse a sua expressa e determinada vontade em repousar no jazigo do amigo Freitas Fortuna, no Cemitério da Lapa, estaria, hoje, certamente, no panteão dos notáveis da nação. Repousam, em paz, as suas cinzas no humilde jazigo do amigo, mas não acontece o mesmo com a sua memória e o seu legado, que continuam a assombrar e a desassossegar quem gosta de literatura e da língua portuguesa. Muita da fonte desta efervescência está na sua Casa em S. Miguel de Seide, onde o Município de Vila Nova de Famalicão tem desenvolvido um amplo e persistente trabalho de divulgação, valorização e revitalização da obra camiliana.
Camilo chegou a esta casa por amor, apaixonado por Ana Plácido, ali escreveu boa parte das suas obras e ali morreu num ato voluntário na sequência da involuntária cegueira que o afetou.
E foi por amor à magnitude da sua obra e da língua portuguesa que Famalicão procurou sempre impedir que, à morte física do autor sucedesse o esquecimento do seu legado e deste verdadeiro património literário nacional. Depois de um grande incêndio, a casa foi recuperada e transformada em museu camiliano em 1922. A criação do Centro de Estudos Camilianos, em 1988, disponibilizou toda a sua obra e escritos à investigação permanente. A inauguração de um edifício para este Centro de Estudos, em 2005, unindo o génio de Camilo ao de Siza Vieira, solidificou e alavancou este plano e esta ação. A criação da Rota Camiliana, em 2022, que materializa e potencia uma rota literária em torno do património literário e arquitetónico camiliano, convocou um conjunto de lugares e instituições com ligações à vida e obra de Camilo a abraçarem a causa.
Com tudo isto, e sobretudo pelo génio do autor, Camilo está hoje mais vivo do que nunca. Provam-no a mobilização nacional em torno das comemorações do bicentenário do nascimento do escritor e a admiração e reverência do universo literário português.
Em boa hora a CCDRN abraçou o desafio de coordenar um programa comemorativo da efeméride, à qual se juntaram 27 instituições, entre autarquias, universidades, associações e teatros.
Camilo é uma figura nacional, é um homem do Norte e é um Homem de Famalicão, uma responsabilidade que assumimos com orgulho, ontem, hoje e certamente no futuro, porque a sua obra não tem prazo de validade.
A obra de Camilo é património nacional e Famalicão é a sua casa.