
Saio mais uma vez contagiada pelas boas práticas de tantas cidades europeias em mobilidade. A semana passada trouxe o congresso anual da POLIS, onde os PMUS são a chave do planeamento. E, como sempre, estes encontros fazem sobressair o atraso estrutural de Portugal na elaboração desses planos, enquanto muitas cidades europeias há anos integram ações concertadas e desenham, com método, cidades mais saudáveis.
Mas, se a velocidade nunca foi a nossa vantagem, a metodologia e as prioridades de ação podem sê-lo, e aí estamos no bom caminho. Mesmo num contexto em que a bicicleta ganha terreno face ao automóvel, nesta edição, o centro foi claro: o peão, o cidadão e o caminhar como escolha de saúde pública. A tónica esteve na mobilidade capaz de aumentar saúde e bem-estar.
Utrecht lembrou-nos que até os mais adiantados tropeçam: reconheceu o erro de ter quase desenhado ruas em exclusividade para a bicicleta, criando hoje dificuldades reais para quem caminha. O excesso de bicicletas no chão da cidade trouxe problemas recentes que agora têm de corrigir.
Nós sabemos que a prioridade começa no peão. Por isso, apostamos na caminhabilidade, no redesenho de ruas em praças e de praças em espaços verdes, pequenas salas de estar ao ar livre. São esses micro-lugares públicos que mudam o dia a dia, humanizam a mobilidade e ajudam a mitigar o stress urbano.
Regresso com energia renovada para o muito que temos a fazer pela frente, nos nossos municípios, agora em início de um novo ciclo autárquico. E regresso convicta de que, podemos aprender com os erros de quem foi mais depressa e juntar ao nosso país de sol e de gente acolhedora, práticas futuras de mobilidade verdadeiramente sustentável. Falta-nos tempo, sim, mas não nos falta coragem. E a esperança vem a pé.
