<p>Alguém da Oposição dizia, ontem, que as Europeias são as primárias das Legislativas. Pois serão, uma vez que à Oposição continua a não interessar mais do que tirar a maioria absoluta ao Governo. Essa estratégia explicará que não se discuta - o que é mau - a temática europeia, a forma de influenciar decisões em Bruxelas, as posições perante os grandes temas europeus, ou até a forma de nos defendermos de alguns parceiros. A verdade é que as Europeias estão no terreno perante o desinteresse geral, mesmo das questões nacionais que a Oposição queria introduzir no debate. O PSD, mais chegado à frente no retrato dado pelas sondagens, vai colhendo os benefícios de um trabalho esforçado, persistente e muito solitário de Paulo Rangel, mas não há nestes dias de campanha ideias novas, nada de mobilizador que nos dê a todos uma réstea de esperança. É certo que campanha eleitoral é sinónimo de propaganda, mas até nisso esta campanha é fraca, investindo pouco em criatividade (excepto os filmes do BE do recém-premiado em Cannes João Salaviza), repetindo os mesmos temas, muito internos e pouco europeus, persistindo no ataque pessoal (agora até Paulo Rangel já foi atingido por não se lembrar se esteve ou não filiado no CDS) parecendo que os políticos nos querem provar que ser político é uma coisa pouco recomendável.</p>
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De uma forma saloia e provinciana, os partidos dizem-se " à la page" com os novos avanços tecnológicos e multiplicam presenças pelas redes sociais, na net. Um logro autêntico, um repositório maçador de agendas e programas longe da cidadania participativa que a equipa de Barak Obama lançou, manteve e mantém nos EUA e que os aparelhos partidários portugueses dizem seguir. Por cá, a verdade é que a hora do jantar, a hora a que as televisões mostram os candidatos, é o momento de grande - quase única - proximidade com o eleitor. Falhasse a electricidade ou deixassem as televisões a cobertura de lado e os candidatos, pura e simplesmente, deixavam de existir.
Não é difícil prognosticar que a abstenção nestas Europeias será muito grande. Os partidos, que classificam estas eleições como "primárias das Legislativas", e o Governo, que será o principal prejudicado com a ausência dos cidadãos das urnas, terão de ir para as Legislativas com outro espírito, discutindo os problemas e apontando soluções. Um país em crise não pode divorciar-se da política, mas são os políticos, com a sua inacção e mediocridade, que fomentam esse divórcio.
PS - Os últimos acontecimentos mostram que a Relação poderá não ter tomado a melhor decisão ao entregar a menina russa à mãe biológica. Ao menos poderia ter imposto um período de adaptação cumprido em território português. Pena que isto ocorra a tanta gente, a especialistas e a leigos como eu, e não tenha ocorrido a quem tinha de tomar a decisão.