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Meu amigo, desculpa ser por aqui, mas o "Jornal de Notícias" é mais do que um diário, bem mais do que cada uma das notícias, questões ou revoluções que ainda venham a atormentar-nos. É proximidade, é correio, é ligação à terra e aos cafés onde se discute bola ou os destinos de cada autarquia. Não falamos há algum tempo, mas vi-te a desfilar nos Globos de Ouro, é sempre muito bonito quando te penso, quando insistes, por feitio e educação, em tratar bem as pessoas, em agradeceres a segunda oportunidade que a vida te proporcionou. Sabes o que penso. Não foi apenas a vida que te ofereceu novos manjares e licores de paraíso, foste tu que fizeste por isso, foste tu que não desististe de correr para apanhar o comboio que te pertencia, não era linear que conseguisses sair do buraco sem pé onde estavas, mas fizeste-o e tens o país contigo, em ti confiamos. Cândido, envio-te esta mensagem na última página. É para ti. Sei que outras pessoas a lerão, desculpa sinceramente ter abandonado a carta nesta mesa farta, neste lugar de todos. Nestes dias não há falta de assunto: eleições, bulhas diárias, proximidade de um clássico futebolístico, a paz no Médio Oriente e os drones que alimentam falcões e o medo de termos medo, qualquer coisa que não consigo explicar melhor. Pensei em escrever mil textos, mas apago e torno sempre a ti, a uma pergunta que tenho de te fazer, que preciso de fazer, que não posso deixar de fazer. Querido Cândido Costa, em nome da nossa amizade, responde-me. Tu vais mesmo ser avô?