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Acho que sou sou um capital-socialista. Acredito que o Estado deve estabelecer regras conhecidas por todos, vigiar o seu cumprimento e depois deixar o fluxo de dinheiro, bens e serviços correr livremente entre as pessoas, empresas e instituições. Nada tenho contra o lucro, se obtido consoante as regras e depois de entregue a justa parte ao Estado para a devida redistribuição. Uma empresa tem direito a fazer mil milhões euros de rendimento, mas tem de ser compelida a ajudar a mitigar as dificuldades da comunidade, especialmente em tempos de grave crise. É incompreensível que haja empresas com lucros astronómicos em situação de quase monopólio e que não sejam obrigadas a contribuir significativamente, por exemplo, para o financiamento da atividade artística e educação para as artes. Para mim, uma empresa acumular quantidades maciças de capital e guardá-lo numa offshore para pagar menos impostos é tão grave quanto um governante deixar-se corromper, porque ambos privam a comunidade de um benefício para favorecimento individual. Ter altos lucros e com menos carga fiscal do que um trabalhador médio, em transe ganancioso e sem supervisão, como fez o setor financeiro durante anos, e depois beneficiar do sacrifício de todos para lhes pagar os prejuízos, diz-nos tanto sobre a falência das instituições do Estado, que se fragilizou, como do fracasso moral da plutocracia que o conseguiu dominar. E tudo isto nem é socialismo, capitalismo ou ideologia. É só do mais elementar bom senso.