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Capitão Coragem é o título de um despretensioso filme do final do século passado que conta a história de um jovem milionário salvo por um velho comandante de um barco que lhe ensina os valores da solidariedade e nos ensina que as experiências dolorosas podem ser também proveitosas. Sábado, lembrei-me daquele jovem ao ver Nico prostrado no relvado e do comandante Troop, segundos depois, ao ver Otamendi a dar uma lição de humildade, coragem e liderança, dando a cara, sem pestanejar, e com a tranquilidade que só os que têm a consciência do trabalho feito podem ostentar. Confesso que fui daqueles que não adorou o seu regresso ao futebol português, não só porque tínhamos acabado de perder um jogador de eleição, Ruben Dias, mas também, ou sobretudo confesso com algum embaraço, por o achar "demasiado FCP", colado àquela maneira de ser e de estar que tantas vezes me irritou. Cinco anos depois, e umas horas depois de ter, provavelmente, cometido o mais penalizante erro com a camisola do Benfica, impõe-se que lhe agradeça pelo profissional exemplar, capitão marcante e jogador brilhante que tem sido, merecendo o que a esmagadora maioria dos benfiquistas lhe disseram sábado à noite - Força! Num filme tantas vezes visto, e frases tantas vezes ditas como "o futebol é cruel", "quem não mata morre" ou "no melhor pano cai a nódoa", resta recuperar o ânimo para entrar a ganhar na Champions, contra outro "autocarro" previsivelmente, desejavelmente com a mesma paciência, mas uma diferente acutilância. Para tal, quem melhor que o Capitão Coragem para comandar as "tropas"!?