Caraca! Não tem jeito!
Sempre que o futuro oferece ao Brasil aquela oportunidade para tirar vantagem das fraquezas do Mundo, logo o nosso país irmão se esforça, dedicadamente, poderosamente, compulsivamente por perdê-la.
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Numa altura em que o Mundo se reinventa - pós-pandemia, guerra na Europa, criptomoeda, inteligência artificial, conectividade global, igualdade de género, sustentabilidade ou morte -, o Brasil "se arrebenta" numa dolorosa viagem ao passado em que tudo se resume numa rima pobre: Lula contra Bolsonaro.
A inflação galopante, os juros a subir e a crise energética em todo o Ocidente, somado a uma demografia decadente, à guerra infinita na Rússia e a uma pandemia mal curada na China, seriam uma oportunidade de ouro para a economia brasileira. Mas, tudo leva a crer, não vai ser bem aproveitada.
Seria até expectável que estas condições tão vantajosas, fossem fator de união na sociedade, mas isso não acontece. Dá até pena ver. Podendo estar de parabéns - aniversário redondo, 200 anos, independência, oportunidade para pensar e refletir -, o Brasil escolhe de novo a esculhambação. E nem a elite mais letrada escapa.
Não é mesmo por acaso que o português que é falado no Brasil sempre prefere o condicional ao presente do indicativo. Pode? Não. Poderia. Escolhe? Não. Escolheria. Ganha? Não. Perderia?
E a oportunidade lá se perde de novo num grande esforço de desunião nacional. O ódio e a sua apologia prevalecem. O debate articula-se em torno do ódio, da explicação do ódio, da dissecação da explicação do ódio.
O cardápio é intenso. Violento, mas inócuo. Fervoroso, mas inútil. Apaixonado, mas estéril. E sempre raso como um cabo do exército ou uma piada de caserna. Caraca! Não tem jeito!
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos