Ainda não chega. Não conseguimos proteger a Carla. Foi esta semana, aqui em Gondomar. Tinha 43 anos e era mãe. Foi assassinada à facada. Tinha botão de pânico e tudo, ainda não chega. Continua a não fazer sentido que neste país se contem tantas mulheres mortas por ex-companheiros, namorados, maridos, pessoas com quem se partilha a vida, e que depois as matam assim. Falta fazer muito mais para que 2023 não acabe como 2022. Contavam-se 28 femicídios a meio de novembro. Mais de dois por mês, porra! Desculpa, Carla, o teu nome não devia estar nesta lista, nenhum nome, não devia haver lista, nem plural na tragédia. Não fizemos o suficiente, e esta semana ficou mais uma família inteira a chorar. O N. diz que "as pessoas não são posse, são usufruto". É por pensarem o contrário que as matam? Como podem ainda pensar assim?
*Jornalista

