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Moedas tem a responsabilidade política pela tragédia que se abateu sobre Lisboa. E não tem responsabilidade efetiva sobre a morte daquelas 16 pessoas - até prova em contrário, nada podia fazer para evitar o descarrilamento. É óbvio que não há motivo para se demitir - como Medina e Jorge Coelho não o tinham, apesar do ministro socialista ter optado por sair. Posto isto, é impressionante a forma como Moedas está a criar condições para perder as eleições na capital. As suas entrevistas assustam de tão mal pensadas. Quem troca argumentos, quem o aconselha a dizer enormidades que são gasolina para uma oposição que parecia fora de jogo? Porque falou de Jorge Coelho? Porque utilizou a palavra "sicário" para definir os críticos socialistas? Moedas deveria ter assumido a sua responsabilidade política. Deveria dizer aos lisboetas das razões para, ainda assim, não se demitir. E em terceiro lugar, justificar a razão para não responder a nenhuma acusação da oposição, até pelo respeito à memória dos que morreram. Só que fez o contrário. Mergulhou na lama quando ainda não nos esquecemos dos mortos. Engrossou a voz quando esperávamos que existissem palavras que nos apaziguassem. Mostrou-se implacável e fragilizou-se por soar a falso. Fez lembrar aquelas pessoas que vemos a fumar charuto, sem o saber. Desejam mostrar que têm poder, mas apenas reforçam a sua ausência. Ainda pode ganhar a Alexandra Leitão, mas lançou a dúvida em quem vota em consciência.