A agressão de que foi alvo a jornalista do JN Carla Soares, q uando legitimamente cobria um evento político com relevantes implicações políticas no concelho de Matosinhos, tem duas leituras. É claro que, antes de tudo o mais, trata-se de um ato reprovável praticado por um cobarde com nome: Carmim Alves do Cabo, presidente da junta de freguesia de Guifões. Só um cobarde é capaz de aterrorizar e agredir uma jornalista, por saber que tem pela frente alguém incapaz de lhe responder à altura.
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Carmim Alves do Cabo não conhecerá o Dicionário do Diabo. Está lá uma das mais notáveis definições de cobardia: "Cobarde é o homem que numa emergência perigosa pensa com as pernas". Isto é: foge dos problemas. Foi o que fez o distinto Carmim.
A semana foi-lhe aziaga: o seu candidato à Câmara, Guilherme Pinto, perdeu uma importante batalha; e ele perdeu a "sua" freguesia, mandada extinguir pela equipa técnica que desenhou o novo mapa autárquico, esta semana conhecido. De uma assentada, escaparam-se-lhe dois "tachos", com a mesma facilidade com que a areia escapa por entre os dedos das mãos. O distinto Carmim perdeu a cabeça. O mundo que ele conhecia, e supostamente controlava, desapareceu. Passou a pensar com as pernas.
Bem sei que todas as generalizações são abusivas. Bem sei que há, por todo o país, excelentes e dedicados presidentes de juntas de freguesia. Mas também sei que o exemplo do distinto Carmim não é único.
O tresloucado ato do distinto Carmim fez-me lembrar a famosa fábula do Político.
Quando assistia a uma sessão da Câmara do Comércio, o Político pediu a palavra. Viu a sua pretensão negada, por nada a ter a ver com o comércio. Levantou-se, entretanto, um Membro Mais Idoso, em "defesa" do Político: "Considero a objeção infundada. Este cavalheiro tem uma estreita e íntima relação com o comércio: ele próprio é uma mercadoria", sentenciou, certeiro, o Membro Mais Idoso.
O problema das máquinas partidárias que acolhem no seu seio gente como Carmim Alves do Cabo é exatamente esse: olham-nos como mera "mercadoria", tanto melhor quantos mais votos for a dito cuja capaz de arregimentar. Tudo o resto é secundário. Mais tarde ou mais cedo, dá no que dá: a "mercadoria" revela-se em todo o seu esplendor, como o distinto Carmim se revelou, no momento em que passou a pensar com as pernas, traído que estava pelos neurónios.
A justiça resolverá o caso da agressão à jornalista em devido tempo. A Política (as estruturas locais, distritais e nacionais do PS) tem menos tempo para solucionar o caso. Um partido com os pergaminhos do PS não poder dar-se ao luxo de contar com gente desta. Ou pode?