Por estes dias, inicias um novo ano letivo. Nestes três anos que deixas para trás, dois foram passados entre o ensino presencial e o ensino remoto. Esperemos que o tempo que tens pela frente seja de normalidade. Vai, pega nos livros novos e aproveita bem esta viagem feita com um professor e com colegas com quem tens partilhado momentos tão felizes.
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Ninguém sabe se regressaremos a uma escola livre de confinamentos. Sabemos apenas que as restrições diminuirão, sendo, porém, aconselhável a continuidade de algumas medidas de proteção individual. E isso é positivo (lembra-te do que te ensinei quando a covid-19 surgiu: a adversidade transporta sempre consigo aprendizagens que nos fortalecem). Não vamos preocupar-nos com um futuro que não conseguimos antecipar. Agora é tempo de ficares fascinado com aquilo que vais aprender.
Este será o último ano em que, na mesma sala e no mesmo tempo de aula, poderás cruzar diferentes saberes, conduzido pelo teu professor. Podes começar na Matemática, dar um salto a Português e mergulhar numa inesperada matéria de Estudo do Meio. A partir do próximo ano, farás esse voo sozinho. Também será o último ano em que estarás com uma turma que será sempre uma referência para ti. Depois, esse grupo será em parte recomposto, mas ficarão os fios que vos atam uns aos outros numa cumplicidade duradoura.
Os noticiários dão conta de uma confusão quanto ao uso das máscaras. Nos próximos dias, políticos e autoridade sanitária vão desfazer parte do ruído (espera-se!). Todavia, a tua geração já se habituou a lidar com medidas contingentes. E fomos andando para a frente, não é verdade?
Quando cresceres, recordarás este período como um marco de enorme relevância na tua vida. Mas, filho, quero que nunca esqueças que nem todos tiveram as tuas oportunidades. Daqui a alguns anos, vais conhecer pessoas da tua idade que, em tempo pandémico, ficaram sem aulas, não dispuseram de um computador, nem tiveram um acompanhamento permanente em casa. Aos pais de alguns faltou rendimento para assegurar necessidades básicas. Nem todos vão ultrapassar esse buraco negro. E esses devem merecer toda a atenção. Caberá à tua geração corrigir injustiças que nós não fomos capazes de remediar. Haveremos de voltar a estas conversas. Hoje apenas quero desejar que este ano seja memorável. Pelos melhores motivos. E isso também está nas tuas mãos. Filho, vai e segura o presente com garra, entusiasmo e companheirismo. Só assim poderás ter um futuro promissor.
*Prof. associada com agregação da UMinho