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Tentei encontrar a versão escrita da intervenção do Sr. Professor Cavaco Silva na Universidade de verão do PSD e não consegui.
Espero, portanto, que as grande linhas do discurso que pude ler na Imprensa não sejam as famosas fake news. Se forem, resultam de uma grande falta de imaginação porque são mesmo todas iguais.
Acreditando que são verosímeis, causam-me perplexidade.
Em primeiro lugar, de onde terá surgido ao ex-presidente a ideia de que Macron é a sua reencarnação? Porque alegadamente fala pouco e tenta manter-se longe dos média? Mesmo que seja verdade, do que nunca me tinha apercebido, não ocorrerá ao Sr. Professor que uma coisa é ter o poder executivo e outra um poder de representação? Que quem faz tem, de facto, mais vantagem em falar menos do que quem apenas nos representa e, por isso, ganha em ser visível?
Em segundo lugar, que fundamento tem a ideia de que quem fala pouco diz coisas relevantes? Não é para mim claro que a escassa palavra de Cavaco Silva tenha sido, sempre, substancial.
Em terceiro lugar, contra que tipo de censura se insurge o ex-presidente? Não me tendo sido possível descortinar a que se referia, sempre me pergunto o que chamar à "boa prática" de Macron, citada pelo Professor e que alegadamente corresponde a "proibir ministros e conselheiros de falar à Comunicação Social sem a sua "orientação"?
Em quarto lugar, qual foi o Governo que manteve o "pio" se perder o "pio" é, nas palavras do Sr. Professor Cavaco Silva, " aumento de impostos indiretos que anestesiam os cidadãos, (de) cortes nas despesas públicas de investimento, (de) medidas pontuais extraordinárias ou (de) cativações das despesas correntes e consequente deterioração dos serviços públicos ou contabilidade criativa"?
Mas, em quinto e último lugar, é mesmo a questão do "pio" o que mais me intriga.
Porque é que quem diz que sempre valorizou e praticou a "palavra escassa" não contém o dique da crítica velada e o jorro moralista de uma realidade que abomina as ideias?
E não lhes resistir numa plateia recheada de jovens ávidos de futuro é apenas durar o tempo de soprar as cinzas. Da Fénix que não renasce!
ANALISTA FINANCEIRA