O Vitória jogou precisamente no dia em que se comemoraram os 24 anos pela elevação do Centro Histórico de Guimarães, pela UNESCO, a Património Cultural da Humanidade. Uns anos mais tarde, em 2023, essa classificação seria justamente alargada à Zona de Couros, onde as suas pedras e construções nos contam a secular história das indústrias de curtumes de Guimarães. Nada podia por isso correr mal e não correu. O Vitória em Vila do Conde ganhou justamente, ficando apenas a incómoda sensação de se ter podido evitar, bem mais cedo, a incerteza no resultado.
Perante uma equipa que não apresentou um único jogador português na sua equipa principal, o Vitória soube tomar conta do jogo, marcar, mas não conseguiu dar o golpe de misericórdia que se exigia contra uma equipa que cedo jogou com menos um jogador, após inevitável expulsão do jogador do Rio Ave, que apanhou com um endiabrado Noah pela frente.
Ficou por isso a sensação de que poderíamos ter feito um pouco melhor. Além dos jovens que estão na frente e de uma defesa que teima em não sofrer, agradou-me muito o desempenho da dupla Beni-Gonçalo Nogueira. Se o angolano vai dando, cada vez mais, mostras de ser uma máquina sem (aparentes) falhas, o jovem vimaranense, que sempre representou o clube, vai-se afirmando como um jogador intenso, completo e com um critério no passe que falta muitas vezes aos seus colegas de equipa.
A valorização do jogador português é, além de um imperativo de justiça e atenção, um ato de boa e atenta gestão dos clubes nacionais, raramente seguido, diga-se.
Os nossos jovens não precisam de medalhas, mas de oportunidades.
*Adepto do Vitória

