2025 foi o ano em que aceitámos definitivamente que as redes sociais não nos fazem bem. Foi também o ano em que as redes sociais deixaram de ser um problema dos jovens e passaram a ser uma questão de Estado.
A medida mais radical veio da Austrália. A decisão de bloquear plataformas tecnológicas a menores de 16 anos quase não tem paralelo no Mundo. É duvidosa na sua eficácia, polémica quanto aos limites da liberdade de expressão no ciberespaço, mas, sobretudo, traça um diagnóstico. Estamos com o cérebro apodrecido. Sofremos de "brain rot".
Os australianos não quiseram apenas preservar as crianças e os adolescentes de conteúdos prejudiciais, como o assédio sexual. Deram uma resposta política a um problema social. Provaram que a autorregulação das "big techs" falhou.
Curiosamente, parte da classe política ainda não percebeu o fenómeno do cansaço digital. Em contraciclo, há protagonistas que insistem nos soundbites de 15 segundos, reduzem debates complexos a pequenas stories, têm indignações mais pequenas do que o tempo de carregamento de um vídeo.
2025 foi o ano em que deixámos de seguir pessoas e passámos a seguir algoritmos, desenhados por plataformas acusadas de amplificar a desinformação, especialmente em contextos de guerra e eleições. Algoritmos construídos para promover conteúdos extremistas apenas porque geram mais retenção, mais receita. Agora ajudados por uma inteligência artificial, que produz textos, imagens e vídeos, que torna irrelevante a distinção entre o real e o programado.
2025 foi o ano em que percebemos que o problema já não é tecnológico. É humano.

