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Esperava-se muita coisa de Donald Trump: que continuasse o estilo boçal de jagunço, que mantivesse a pose de menino dourado insolente e mimado, ou que persistisse na toada errática própria de quem muito fala e nada diz. O que ninguém esperava era que tivesse dificuldade em condenar sem reservas e com veemência atos e palavras neonazis e antissemitas. Mesmo depois da morte de uma mulher, durante uma manifestação, em Charlottesville, em que se defrontaram cabeças rapadas e ativistas pelas minorias. Trump, em conferência de Imprensa, conseguiu ainda dois feitos extraordinários. Colocou os dois lados no mesmo plano de igualdade moral e, como se não bastasse, disse ainda que havia "boas pessoas" do lado dos neonazis, embora não haja registo que nenhum desses excelentes indivíduos tenha ficado particularmente ofendido com os cânticos contra os judeus, as ofensas aos negros e as ameaças de morte, bem documentadas por uma reportagem da Vice, que recomendo. De uma penada, Trump conseguiu ofender quase toda a gente, incluindo todos os que morreram em combate para espezinhar e arrumar para o mais escondido canto da História a deplorável ideologia nazi.
Donald Trump é tão mau que até George W. Bush, um reconhecido ignorante que lançou o Mundo neste caos, parece uma pessoa culta, ponderada e um circunspecto homem de Estado. E ainda faltam três anos. Até onde isto vai chegar?
JORNALISTA