Estão em todo o lado, servem para muita coisa e vão servir para muito mais. Os chips estão nos telefones e nos automóveis, em eletrodomésticos e equipamentos médicos, em computadores, robôs e muitos outros equipamentos eletrónicos de consumo corrente ou industrial.
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Estão acoplados a animais domésticos e até selvagens, para efeitos de controlo ou de investigação. E já se fala da "internet dos corpos", para designar o conjunto de situações em que a implantação de um chip pode ajudar a suprir a ausência de certas funções humanas ou a gerar dados que permitam melhorar os cuidados de saúde.
Um chip é um circuito eletrónico miniaturizado sobre um substrato fino de semicondutores. Só em 2020 foram fabricados mais de um bilião (um milhão de milhões) de circuitos integrados em todo o Mundo, ou seja, cerca de 130 unidades por pessoa.
Não admira, portanto, que haja uma corrida aos chips, associada ao risco que a sua falta representa para a atividade industrial. Acontece que a Europa tem apenas 10% da quota de produção mundial e está muito dependente da importação de países terceiros, apesar de estar bem posicionada tanto na investigação sobre semicondutores como nas matérias-primas necessárias para a sua produção.
Eis porque a iniciativa recentemente anunciada pela Comissão Europeia sobre a investigação e a produção de chips no território da UE, o chamado Chips Act, assume tanta importância. Não se trata apenas de uma questão de competitividade, como afirmou a presidente Von der Leyen, mas sim de uma questão de soberania tecnológica.
A proposta, que começa agora a ser discutida no Parlamento Europeu, pretende organizar todo o ecossistema do setor, desde a investigação e inovação à capacidade de produção, de modo a duplicar a quota europeia no mercado mundial até 2030.
Até aqui estamos todos de acordo e assim esperamos continuar. Convém, contudo, visto daqui de Portugal, que este esforço de investimento, neste caso e em outros que se vão seguir para reforçar a autonomia estratégica da UE quanto à capacidade industrial, seja feito de forma desconcentrada, beneficiando o centro e a periferia da União, e não na lógica dos chamados "campeões europeus", situados nos mesmos países do costume. É mesmo uma boa oportunidade para ligar a política industrial à política de coesão. Lá estaremos para lutar por isso!
*Eurodeputada do PS