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Há muita falta de literacia sobre a implementação de ciclovias nas cidades, remetendo, permanentemente, para protestos sucessivos da população. Há várias narrativas: que atrapalham o tráfego, não permitem estacionar, não ajudam nas cargas e descargas, não permitem o acesso às paragens de transportes públicos, ou até, não permitem parar para ir buscar o pão, quando, na realidade, “não permitem” o que já era proibido, como o estacionamento em segunda fila.
É certo que ainda existem muitas ciclovias com problemas de desenho e projeto, contudo, também sabemos que muitas estão em teste, para melhor se adequarem às especificidades do local, estimularem a utilização e a sua compatibilização com o espaço urbano.
Mas uma coisa é certa, hoje, as cidades são obrigadas a apostar nos modos suaves e em modos mais sustentáveis, o que exige redesenhar a infraestrutura, e inserir ciclovias e passeios. E relembro que a ciclovia não deve estar em cima do passeio.
O objetivo das ciclovias é ter pessoas a andar de bicicleta, exigindo, ainda, uma oferta de bicicletas públicas, sem isso nunca se conseguirão resultados. Nas nossas cidades faltam bicicletas públicas e convencionais, por serem mais baratas, o que permite aumentar em muito a oferta, potenciando a procura. Mas exigem-se outras medidas complementares, como aumentar o número de bicicletários, permitir que estas entrem nos transportes públicos e, também, educar as crianças e os jovens para esta prática.
Em síntese, antecipar o tempo exige medidas coordenadas e não isoladas, articuladas e não avulsas, que, com o passar dos dias, entram em descrédito na opinião pública. A isto chama-se planear a mobilidade urbana.