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No último sábado, celebrámos o Dia dos Avós. Vi alguns a passear com os netos, mas vi muitos outros sozinhos que, a partir das janelas, tentavam observar a cidade que já não lhes pertence, feita de escadas, desníveis, pressa e ausência. Precisamos de cidades que os abracem. Precisamos de cidades com colo. Cidades amigas dos avós são cidades amigas das crianças e das famílias; tornam-se educadoras e saudáveis. São cidades que promovem o convívio intergeracional essencial da vida urbana e humana. Quando se pensa nos avós, pensa-se em sabedoria lenta, cuidado atento, amor sem urgência. O que precisamos? De chão para passeios, com largura para um avô empurrar o carrinho do neto, uma avó caminhar de mão dada com a criança, mostrando-lhe a cidade que só conhecem a partir do carro dos pais. E, quando o cansaço vier, que haja um banco com costas, onde possam, juntos, ler um livro, observar o Mundo, rir devagar. Que a rua tenha parques públicos, sombras, comércio tradicional, lugares seguros para brincar, acessibilidades, mobiliário urbano à escala humana, cafés para se sentir, portas abertas dos prédios para o encontro. Nestas cidades, nascem laços invisíveis, como redes de proximidade, e há vizinhos que se tornam avós dos que não os têm por perto. Este foi o meu primeiro Dia dos Avós. Como alguém que desenha cidades, senti que, a partir de hoje, a minha responsabilidade é dupla: criar lugares onde os meus netos, e todos os outros, possam caminhar livres, pelas mãos seguras dos avós.