A esperança média de vida em Portugal, em 50 anos, passou de 67 para 80 anos. E no Norte, esse valor ainda é maior. Vive-se 82 anos.
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Hoje sabemos que o envelhecimento não corresponde a perda de vitalidade, mas vontade em continuar a fazer acontecer.
A cidade tornou-se espumosa. Não se sente as idades de cada um, pelos novos estilos de vida emergentes, pela indumentária cada vez mais moderna e juvenil, pelo trabalho que não termina mas se transforma ou reinventa, como se a vida fosse ilimitada.
O Mundo abriu-se e tornou-se mais pequeno face às inúmeras viagens iniciadas, os amigos conquistam-se até mais tarde e novas famílias reconstroem-se organicamente, como brota a água numa rocha de novos afetos.
Toda a idade atrasou. E atrasou uma década. Os nossos pais levavam-nos à escola no primeiro dia de aulas. Hoje, os pais levam os filhos à universidade e já há quem os leve à porta do primeiro emprego. Os jovens saem de casa com os pais já quase reformados. Aos 70 anos, cuidava-se do neto, hoje, cuida-se do filho. Tudo mudou! O tempo da idade perdeu-se.
E as cidades estarão preparadas para estas novas idades? Diria que não. Continuam inacessíveis para quem tem dificuldades de mobilidade, obrigando alguns a não saírem de casa. Os passeios, ou não existem ou são perigosos, apresentam desníveis, obstáculos e os espaços verdes e de convívio são raros.
É urgente uma revolução no desenho urbano. Precisamos de espaços mais humanizados.
Que as futuras gerações de planeadores e políticos abracem este compromisso entre a cidade física e a cidade das pessoas sem idade. Afinal, é a elas que se deve o presente, e o nosso amanhã chegará a correr.