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Faz este mês cinco anos que o silêncio tomou conta das cidades da noite para o dia. As portas fecharam e tudo o que era trânsito imobilizou. Uma pandemia contagiava o mundo, não tendo dó nem piedade, com asas de vento, de nome covid. Foram tempos avassaladores e todos nos sentimos pequeninos perante tal megafenómeno à escala mundial. Todos fomos para casa. As ruas tornaram-se gigantes. As praças, os parques, os jardins ficaram, repentinamente, cheios de ninguém, e nós encarcerados, quase sem ar, totalmente imóveis, face às severas regras instaladas.
Houve famílias que se separaram, outras que se juntaram. Uns isolaram-se, outros foram para novos lugares de encontro onde ficaram. A necessidade da natureza na nossa vida, de espaços mais humanizados, de termos tempo para pequenas coisas, como estarmos mais próximos dos que amamos, prevaleceu para muitos e novos estilos de vida vieram para ficar.
Hoje, percebemos que há uma vida antes e outra depois da covid. Passamos a valorizar mais os vizinhos e os amigos que nos ajudam no quotidiano, o espaço público, os pequenos jardins à volta de casa e as varandas dos edifícios. Embora ainda com muito para mudar no planeamento urbano das cidades, este tempo permitiu valorizar as políticas que constroem cidades mais solidárias, mais verdes, mais acessíveis e onde o espaço público se torna, cada vez mais, a peça central da vida na cidade, na procura da qualidade do ambiente urbano e na sua relação com as pessoas.
As cidades prepararam-se de forma inequívoca para esse combate, mas hoje desmobilizaram. Teremos já esquecido as cidades desacontecidas?