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Amanhã realiza-se, no Porto, o Encontro Nacional da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras. Tem como tema a descentralização de competências na política de educação para os municípios e será, portanto, uma excelente oportunidade para refletir sobre educação.
Há um antes e um depois do 25 de Abril nas políticas de educação. Tudo mudou. A gestão das escolas, a escolaridade obrigatória, os programas e vias de ensino, a formação de professores, os manuais escolares e materiais pedagógicos, os conceitos de disciplina e de pedagogia, ou o acesso ao Ensino Superior. A procura explodiu. Foi uma azáfama para responder à procura e para redimensionar o sistema: construir escolas, formar e contratar professores, fazer programas de ensino e manuais. Fazer crescer o sistema para incluir o maior número de crianças e jovens.
Tudo mudou, mas não ao mesmo ritmo ou com a mesma intensidade. O primeiro ciclo e a educação pré-escolar ficaram para trás, não tiveram prioridade. Quando se tornaram evidentes os efeitos da quebra demográfica, foi evidente que as escolas primárias continuavam no mesmo sítio, a ensinar como sempre se tinha ensinado, sem bibliotecas, sem refeitórios, sem espaços desportivos, sem respostas adequadas às necessidades das crianças e das famílias. Passaram muitos anos até tomarmos consciência que a educação pré-escolar era fundamental para garantir o sucesso educativo de todas as crianças e garantir uma maior igualdade de oportunidades.
O 25 de Abril chegou tarde às escolas do primeiro ciclo, mas quando chegou foi com outra forma de fazer política de educação, trazendo consigo a educação pré-escolar e a exigência de políticas de proximidade. Exigência que requeria partilha de responsabilidades entre Governo central e municípios, envolvimento dos pais e abertura às instituições locais com ofertas educativas complementares. Foi neste momento que se desenvolveu também o conceito de cidade educadora, de territórios educativos, associado à ideia de que a responsabilidade de educar as crianças e jovens deve ser partilhada por todas as instituições de uma cidade ou território. Educar não é apenas ensinar e fazer aprender, é também proporcionar experiências de contacto com múltiplas realidades de trabalho, de lazer, de contacto com a natureza, com as artes, com o mundo em que as crianças e jovens crescem e se desenvolvem. O desafio das cidades educadoras é colocar no centro da sua missão apoiar as escolas a cumprir a exigente missão de ensinar todos e garantir que todos aprendem.