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As cidades serão estruturas físicas e sociais de liberdade? O que significa uma cidade ser livre?
Costumo dizer que ser livre na cidade é percorrer a nossa espantosa condição urbana que é, também, condição humana, porque o território, mais do que físico, é uma imensa construção social.
Mas, efetivamente, um dos maiores problemas das cidades, lugares de excelência de todos as culturas, raças, religiões e políticas, é que, por vezes, em vez de incluírem, excluem. Quantos ficam para trás na educação. Quantos ficam para trás na habitação e nos transportes. Quantos ficam para trás no trabalho. Quantos ficam para trás socialmente.
E o direito à cidade é ter acesso a todas as oportunidades que esta plataforma de vida pode proporcionar.
Uma segunda perspetiva de cidade livre é ter mobilidade. Ter liberdade é caminharmos pelas ruas da cidade em condições de segurança, conforto e inclusão. É o espaço público permitir o acesso a pessoas de mobilidade condicionada, às crianças que brincam na rua ou aos idosos que se deslocam aos parques verdes de proximidade das suas habitações, para aí, em convívio com outros, sentirem o sol fresco da manhã.
Por fim, e numa terceira perspetiva, diria que a liberdade da cidade é muito mais que o direito do acesso àquilo que ela contém, mas o direito de mudar a cidade de acordo com um desejo coletivo!
A capacidade de planearmos, construirmos, fazermos e refazermos as cidades, que somos nós mesmos, é sustento de um dos mais preciosos direitos humanos.
É isso que festejamos hoje: a vitória da construção de cidades livres e o desejo do reencontro de liberdades.
Viva o 25 de Abril!
* Especialista em Mobilidade Urbana