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Nos últimos anos, as trotinetas invadiram as cidades europeias, posicionando-se como uma das micromobilidades mais utilizadas. Contudo, se por um lado as cidades precisam cada vez mais de alternativas ao automóvel para vencer as curtas distâncias diárias, e que representam cerca de 60% das deslocações, por outro precisam de soluções suaves, sustentáveis, mas seguras e amigas. Lisboa mostrou, muito cedo, que as trotinetas partilhadas estavam a gerar diversos problemas, tais como o estacionamento desordenado, deixadas em locais inadequados, como passeios e praças, bloqueando o caminho dos peões e, em particular, das pessoas com mobilidade condicionada. O desrespeito pelas regras de trânsito, com condutores a circularem por vias erradas, a altas velocidades e sem capacete, contribuiu rapidamente para o aumento de mortes e acidentes graves. Aliás, há imagens de trotinetas penduradas nas árvores, tornando a cidade insegura, anárquica e com poluição visual. O Porto, aprendendo com Lisboa, teve uma atuação mais rigorosa e regulamentou a sua utilização e estacionamento, criando espaços com sinalização própria. Entretanto, o caos foi sendo instalado e, em 2023, Paris decidiu proibir as trotinetas partilhadas, após referendo, no qual a grande maioria dos votantes, cerca de 90%, se manifestou a favor da proibição. Agora foi Madrid. Não quer mais trotinetas públicas espalhadas pela cidade. Esta foi uma ideia que surgiu para tentar mitigar os problemas da mobilidade urbana e que ativou outros problemas, igualmente graves. Que Portugal possa refletir e aprender em prol da segurança dos cidadãos.