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Face a vicissitudes de várias ordens, as cidades vivem hoje tempos complexos, em parte resultantes da velocidade e do stress impresso nos quotidianos de cada um, com efeitos nefastos na saúde pública.
Recentemente estive na Alemanha, na Conferência Anual Polis 2024, que sublinhou a urgência extrema de desenharmos cidades saudáveis como um dos maiores desígnios atuais.
As cidades devem ser entendidas como um organismo vivo. Nascem e morrem como nós.
Embora os seus ciclos de vida sejam muito maiores que os nossos, são complexos, e os seus sistemas circulatório, respiratório e digestivo, por vezes, ficam doentes e podem levar à morte das suas células.
A taxa de envelhecimento, as assimetrias sociais e culturais, as guerras e a economia obsessiva estão a impor limites no ciclo de vida das cidades. Os atuais problemas ambientais desmedidos já colocaram algumas nos cuidados intensivos.
Sabendo que mais de um terço das emissões advêm dos transportes e mobilidade, já não temos mais tempo para literacias. É fazer, fazer! Urge uma prescrição imediata e um tratamento forte, normalmente associado a medidas coletivas, pois cidades doentes fazem cidadãos doentes. Precisamos de limitar o acesso do carro aos centros das cidades, de espaço para os modos suaves e transportes públicos. Precisamos que o coração volte a pulsar no encontro com mais espaços verdes e praças para a sociabilização. Precisamos que as crianças brinquem no chão das ruas e que os vizinhos se voltem a cumprimentar. A cidade não pode deixar ninguém ficar para trás. E uma cidade que cuida é uma cidade de cura.