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A notícia divulgada pelo JN sobre os quatro mortos encontrados, num lar de idosos, ilegal, na Costa da Caparica, é verdadeiramente intimidadora. Pelas primeiras informações conhecidas, trata-se de uma «achado» casual. Os técnicos do INEM, chamados àquela residência para valer a uma senhora acometida de uma paragem cardio-respiratória, não só tiveram de confirmar este óbito, como detectaram existir outros três corpos, já cadáveres, preparados para o funeral. Intrigados com tão estranha simultaneidade, e no cumprimento da lei, comunicaram às entidades competentes. O caso está agora entregue à Polícia Judiciária. A investigação a esta estranha coincidência segue os seus trâmites. Mas seja qual for o resultado, duas coisas já são sabidas: havia ordem para o encerramento deste lar, pois não tinha o necessário alvará. Por não ter as condições exigíveis.
Este caso vem mais uma vez alertar para situações que, à socapa, «vegetam», por este país fora, em redor deste valimento a idosos. Entre a improvisada vontade de dar resposta a um angustiante problema crescente na sociedade - o abandono dos idosos - e o negócio, sem escrúpulos, com estas situações, é preciso não ter contemplações. Cabe ao Estado regular uma situação que, por vezes, começa nas cumplicidades das próprias famílias.
Os resultados do estudo PISA, anteontem, apresentados pela OCDE, dão «boas notas» aos alunos portugueses. Portugal é «o país que mais evoluiu nestes últimos três anos». E em relação a três campos de aprendizagem, sempre considerados críticos para a qualidade da formação: Matemática, Português e índices de leitura. Estranhamente, muitos daqueles especialistas que tanto exploravam a negatividade dos dados nos estudos anteriores vêm, agora, bradar contra o pouco significado destes resultados. Alguns até põem em dúvida os testes, porventura «mais adequados à fraca aptidão dos alunos testados». Estranho raciocínio este.
Estranho, estranhíssimo, o calendário acertado para os debates entre os candidatos presidenciais. Pressupõe o povo interessado, durante o Natal e o Ano Novo, na elucidação política que deve presidir à escolha do mais alto magistrado da Nação. Este calendário é bem a prova do descuidado interesse com que está a ser encarado este acto. Nem por ser dada como certa a reeleição de Cavaco Silva, este acto eleitoral deveria ter menor importância. Se o Orçamento/2011 «era o mais importante dos últimos 25 anos», o próximo presidente não o será menos. Depois não se queixem da apatia do povo face à «coisa pública».