Colaboração: a palavra que se impõe para 2025
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O Plano de Ação para a Economia Circular, o Pacto Ecológico Europeu e a atualização da Estratégia Industrial da UE identificam os têxteis como uma cadeia de valor de produtos com necessidade urgente e forte potencial de transição para modelos sustentáveis e circulares de produção, consumo e negócio.
No entanto, apesar da existência de legislação e de uma forte ambição para incrementar a sustentabilidade e circularidade do setor, a falta de articulação entre empresas, consumidores e autoridades públicas tem tornado a transição lenta, mantendo a pegada ambiental dos têxteis demasiado elevada.
Exemplo claro é a obrigatoriedade de os municípios implementarem a recolha seletiva de têxteis usados desde 1 de janeiro de 2025, conforme previsto na Diretiva (UE) 2018/851. Tal permitiria que fossem reutilizados ou reciclados de forma adequada, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens, minimizando o desperdício e promovendo sinergias entre setores industriais, seguindo os princípios da economia circular.
Mas estamos longe de atingir estes objetivos. Por um lado, a enorme diversidade de fibras têxteis e suas misturas e a presença de acessórios e possíveis contaminações dificultam o processo de reciclagem e reduzem o sucesso das operações; por outro, a inexistência de critérios claros de conceção ecológica e a não adoção, até ao momento, dos princípios de responsabilidade alargada do produtor, aliada à desarticulação entre todos os agentes envolvidos, trazem desafios que podem comprometer a efetividade da legislação em vigor.
Assim, a palavra que se impõe para 2025 é colaboração!
- Entre os vários estados-membros para estabelecer critérios harmonizados e claros para o estatuto de “fim de resíduo”, permitindo que os materiais sejam reintegrados nos ciclos produtivos sem ficarem sujeitos às regulamentações de resíduos;
- Entre entidades governamentais, municípios e empresas para definir critérios eficazes de recolha e garantir a sua implementação;
- Entre universidades, centros de investigação, empresas e Estado para educar o consumidor e desenvolver metodologias inovadoras de reciclagem que impulsionem novos processos industriais, aumentem a competitividade empresarial e fortaleçam cadeias de valor mais sustentáveis.
Mas a colaboração não pode ser apenas uma palavra-chave para 2025; tem de ser o pilar de todas as decisões estratégicas do setor têxtil. Só assim garantiremos um futuro mais sustentável, eficiente e alinhado com os desafios ambientais e económicos que se avizinham.