
Corpo do artigo
Quando era puto e começava a fazer birra, a espernear e a soluçar alarvemente, a minha mãe fazia a sacramental pergunta: "Já estás com a bolha?" Um simples olhar ameaçador bastava para a bolha rebentar e as minhas trombas regressarem a uma expressão, digamos assim, normal. Mais difícil de rebentar é a bolha em que vive boa parte do Governo que nos dirige. Das "rendas moderadas" de 2300 euros às mudanças à legislação laboral previstas, há quem pareça estar sempre com a bolha. Uma bolha de privilégio. Facilitar despedimentos, permitir contratações externas a quem manda gente para a rua ou restringir direitos a quem luta para sobreviver com salários de miséria é tudo o que se precisa para alavancar a economia. Mesmo que a alavanca seja uma catapulta para atirar mais pessoas para o fio da navalha.
