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Foi apresentado o projecto da urbanização entre o Largo do Ouro e a área do demolido Bairro do Aleixo.
Já não era sem tempo pois, na marginal do Douro, este lugar constituía (tal como a arruinada Casa do Cais Novo) um episódio de abandono indigno da qualidade e da beleza paisagística do local. Isto independentemente das exigências sociais em jogo.
Nos finais do século passado, tinha surgido um notável projecto desenvolvido pelo Fundo de Pensões da EDP, no espaço das instalações da Companhia do Gás e da Central Térmica do Ouro. Subordinado ao tema: “Urbanismo, Património, Museologia” incluía serviços, comércio, Museu e habitações unifamiliares e colectivas. Nele salientava-se a reabilitação museológica do edifício neo-clássico, projectado em 1854 por Hardy Hislop para sede daquela Empresa e do complexo da central-térmica, projectado em 1907 por Fernand Touzet (autor da Central Tejo e da Garagem Auto-Palace, em Lisboa). Seriam construídos três edifícios cilíndricos para evocação dos gasómetros.
Mas tempos são tempos. E tudo muda. Este novo projecto, envolvendo o Aleixo, define outros objectivos habitacionais. E podemos vê-lo como essencial do ponto de vista da valorização urbanística do Ouro e da importância social que reveste. No entanto, considerando os objectivos a ele subjacentes, não deveria deixar de fora aqueles edifícios históricos que, reabilitados conforme a sua natureza, seriam integrados como polo do Museu do Porto, por representarem a história do abastecimento de gás, da produção de energia eléctrica e, em última análise, da iluminação pública da cidade.
* Professor e escritor
O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA

