Combate aos incêndios: entidades a mais, eficácia a menos!
Aproxima-se o verão e a sempre preocupante época de incêndios florestais, agora chamados de rurais.
Por muito que se invista na limpeza de terrenos, na criação de faixas de gestão de combustível, no reordenamento florestal e na prevenção, por muito que se fiscalize, é sempre inevitável o recurso ao último patamar: o combate!
E este tem que ser urgentemente readaptado: não só para os incêndios rurais, mas para todo o sistema de socorro!
Durante séculos, os únicos que combateram os incêndios e todo o tipo de ocorrências foram os bombeiros (cada vez mais profissionalizados, com a falta crescente de voluntários) e que hoje têm cada vez menos apoios, subsistindo sobretudo da boa vontade de dirigentes, voluntários e mecenas.
Havia necessidade de facto de criar uma força nacional de proteção civil, e assim surgiram os “canarinhos”, no início do século! Mas, depois disso, assistiu-se a cada tutela querer ter o seu “exército”. E infelizmente assim aconteceu!
Nos últimos 20 anos, vários governos, quer PS quer PSD, decidiram criar um conjunto de entidades e um proliferar de forças que só aumentam a descoordenação e consomem recursos. Se deve haver uma força de proteção civil à guarda do Estado? Sim, concordo em absoluto! Mas a realidade é que em Portugal há duas: a Força Especial de Proteção Civil, sob tutela da ANEPC, e a Unidade Especial de Proteção e Socorro, pertencente à GNR.
A estas acrescem os sapadores bombeiros florestais, sob tutela do INCF, os recém-recriados guardas-florestais e os vigilantes da natureza. E cada uma destas forças tem que ter estrutura, hierarquia, máquinas administrativas, instalações, etc., etc.,
Imaginará o caro leitor a confusão que isto cria num teatro de operações, a difícil coordenação de meios e entre forças! E isso atrasa o socorro e o empenhamento de meios.
E isto para não falar das entidades que gerem a floresta e o combate, das sobreposições entre ANEPC, ICNF, CCDR e AGIF, e do fracasso que foi esta última: não na ideia louvável que presidiu à sua criação, mas na sua implementação e operacionalização.
Portugal é um país pequeno e de recursos escassos. Somos poucos, e na área do socorro cada vez menos!
Por isso urge concentrar recursos, diminuir o número de forças e ganhar eficiência na intervenção!
Um desafio para este e para próximos governos: reorganizar o sistema, fazendo mais, gastando menos e, sobretudo, sendo mais eficiente.
Portugal sem fogos depende de cada um de nós, mas também das decisões políticas!
Haja coragem para as tomar e implementar.

