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Os extremismos são, quase que por definição, negativos. Aplicada à política esta afirmação ganha ainda maior relevância e nem vale a pena perder tempo a discutir se a extrema-esquerda é menos má do que a extrema-direita ou vice-versa. Fruto das circunstâncias políticas na Europa do pós-Segunda Grande Guerra, talvez nos tenhamos habituado a olhar um dos lados com maior condescendência, mas com a intolerância a ganhar cada vez maior força, importa arrumar bem a ideias e deixar clara a constatação inicial: os extremismos devem ser combatidos.
Em Portugal, a mesma movimentação a nível político acompanhou o pós-25 de Abril e hoje, com o tempo passado e o distanciamento que daí resulta, assistimos a um aumento do peso da extrema-direita. Um facto que não tolerámos durante décadas, mesmo que, simultaneamente, muitas vezes tolerássemos os excessos da extrema-esquerda.
Começamos, agora, a atingir um ponto em que, em vez de conseguir o equilíbrio, assistimos à normalização de aspetos que até há algum tempo éramos incapazes de aceitar.
Sob a capa da defesa da identidade nacional – mesmo aquela distinta dos nacionalismos extremistas –, assistimos a atos de violência ou, tão simplesmente, a momentos que se pretendem simbólicos que nos deviam envergonhar. Não podemos continuar a assistir impávidos enquanto alguém ao nosso lado faz saudações nazis ou defende ideais perversos travestidos de defesa da legalidade ou de desenvolvimento económico. Muito menos devemos aceitar a validação desses atos com a desculpa do equilíbrio face ao extremo oposto.
Temos mesmo de deixar de aceitar como normal que alguém, beneficiando da capa da liberdade de expressão, se permita defender o combate à democracia e manifeste descaradamente apoio a sistemas políticos que os portugueses pagaram bem caro para travar.