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Não deve haver, nos dias de hoje, território mais parecido com o Faroeste do que as zonas de comentários dos sites noticiosos. Ainda que muitas vezes pareça que estes locais do ciberpaço, também áridos de pensamento, são bastante piores do que os relatos que nos chegaram dos tempos difíceis no Oeste americano. Nem o mais bárbaro pistoleiro ou o mais duro xerife eram capazes de tanta agressividade e ódio em contínuo. As conversas virtuais são tantas vezes tão violentas, que nem parecem realidade, de tanto que ultrapassam a ficção. Não se entende tanta cólera, tanta raiva, tão pouco discernimento e respeito. Não se sabe onde nasceram tantos que sabem de tudo, que se sentem tão capazes para julgar, decidir e sentenciar. Na net, protegidos pelo seu ecrã, muitos se convencem de que o mundo que veem não os pode ver a eles, e por isso se sentem inatingíveis, déspotas iluminados e com direito a torturar os outros. Massacram e perseguem, não perdoam nada, nem ouvem ninguém. Cada um seguro de ser o único com um superpoder, o da razão bélica destinada a ser aplicada à força ao resto do Mundo. É uma insólita manada de baixinhos ditadores de secretária. Juntos não são muito, sozinhos não são coisa nenhuma. Eu já fui insultado várias vezes na net. Mas ainda assim prefiro que esses, os que não sabem contribuir para a discussão, não se calem. Assim, todos sabemos quem são e o que sabem melhor: gritar muito, fazer pouco e pensar nada.
JORNALISTA