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Os cidadãos da União Europeia vão sufragar a 25 de maio um novo Parlamento para cinco anos. Embora investidos de um poder minimalista, serão escolhidos 751 eurodeputados representantes de 28 nações, cabendo a Portugal designar uma parcela pequena (21), mas da qual se espera um comportamento proativo. Para já, os tempos são de formatação de listas, mas não auguram nada de bom...... Não é apenas a voracidade comunicacional a tipificar uma espécie de desgarrada interpartidária. Com relevo especial para a coligação PSD-PP e PS, o primeiro alinhamento partidário de candidatos perfilados recalca duas pobrezas franciscanas do costume: da esmagadora maioria dos elegíveis não se conhece qualquer fatia de neurónios ocupada por um pensamento articulado para a Europa, e dos sobrantes identifica-se uma oratória marcada por cálculos eleitorais de paróquia.
Há, sabe-se, uma tendência para a desvalorização das eleições europeias, aproveitando-as para ajustes de contas internos. Esse é um erro clamoroso, sobretudo quando o espaço europeu é cada vez mais construído em função da perda de autonomia de cada um dos estados integrantes.
Atravessando a Europa uma fase tipo barata tonta, impulsionada pelas conveniências da Alemanha, a clarificação e reajuste do modelo impõem, pois, o conhecimento prévio de posições a sufragar pelos cidadãos.
É extensa a listagem de temáticas sobre as quais deve exigir-se a transparência de ideias pelas quais os candidatos se comprometem a pugnar, embora sujeitos ao enquadramento das famílias políticas formadas no Parlamento Europeu.
Os portugueses conscientes da importância do modelo europeu para as suas vidas exigem respostas para temas incontornáveis.
Eis alguns exemplos, entre muitos: o projeto aconselhável é o de uma Europa de nações ou de regiões? Qual a política aconselhável em matéria de Defesa e de imigração ilegal? Deve a Europa alinhar no acordo de livre comércio com os Estados Unidos? Justificam-se, ou não, restrições a um mercado globalizado? Que política monetária é aconselhável? Como deve ser consolidada a dívida pública? Justifica-se a harmonização fiscal? É ou não benquisto o Pacto Orçamental já subscrito? É possível chegar à união bancária? Portugal deve ou não - e porquê? - abandonar a Zona Euro e, até, a própria União Europeia?
A escolha avisada dos 21 deputados portugueses deve passar pelo crivo da clarificação do posicionamento político garantido para os próximos cinco anos no Parlamento Europeu.
Os primeiros esboços de pré-campanha ficam aquém do desejável.
Infelizmente, as eleições europeias voltarão a ser usadas como arma de arremesso numa insuportável guerrilha político-partidária muito portuguesinha.