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As imagens que vemos em Gaza com crianças palestinianas vivas, mas onde já estacionou a morte, são o símbolo da miséria humana. Em Gaza há lobos esfomeados de carne humana, sedentos de noite e gulosos de sofrimento. Acreditámos que esse comboio do Mal já fora desmobilizado, que depois de Auschwitz o circo imaginado pelo Diabo já não tinha onde cobrar bilhetes, só que estávamos enganados. Falo de Auschwitz sabendo que os engolidores de enxofre estacionaram na China de Mao, na Sibéria de Estaline, em Darfur e Srebrenica onde se montaram tendas com outras chaminés e outras vítimas, milhões de corpos devorados por serem judeus, muçulmanos, curdos, masalits ou palestinianos.
O que agride mais em Gaza é a circunstância deste genocídio ser feito por filhos, netos e bisnetos de quem sofreu na pele a tentativa de genocídio nazi. O que choca é compararmos as imagens dos judeus famintos em 1945 com as crianças esfomeadas na Palestina, e percebermos que são a mesma face de uma alma humana em putrefação. E como pode tanta gente que frequenta as igrejas, que reza a Deus, que fala de moral e de ética, que se indigna com Hitler e as mortandades ficar em silêncio com o que se está a passar? Como é possível dormirem descansados e continuarem a comer a torradinha enquanto leem o jornal? Israel conseguiu rebentar com o capital que tinha. Tornaram impossível a empatia de que eram credores pelo macabro sofrimento que viveram às mãos dos monstros nazis.