Corpo do artigo
A crise a que o país esteve sujeito e as consequências negativas no rendimento das famílias portuguesas devem merecer uma atenção cuidada de todos, quanto mais não seja pela razão simples de que almejamos não repetir a situação no futuro. Foi, sobretudo, a aposta maioritariamente orientada para o setor dos serviços não transacionáveis, nos últimos 20 anos, que acabou por se revelar absolutamente desastrosa enquanto base estrutural do desenvolvimento da economia. E o que nos dizem agora em uníssono: que o futuro passa pelo crescimento das exportações de bens e serviços transacionáveis! E que uma parte muito importante desse crescimento passa pela Região Norte de Portugal e pela sua base industrial mais sólida! Como se tudo fosse assim tão simples.
A saída desta situação implica muito trabalho, sacrifício e persistência, com objetivos bem definidos. Exigirá, ainda, políticas públicas sérias e orientadas para suporte do desígnio enunciado. Teremos de aceitar vencer o desafio da competitividade e da internacionalização, assente na capacidade de conceptualizar, analisar e perspetivar novos produtos, serviços ou negócios, em alternativa ao modelo baseado na competição pelo preço baixo ou pela encomenda de terceiros. Urge, por isso, definir um sistema que permita acelerar os processos de inovação e apoio à regeneração e à adaptação evolutiva do sistema produtivo, assim como dar sinais de orientação para a formação dos recursos humanos necessários e condições à sua afirmação. Na procura sistemática do reforço do tecido produtivo da região teremos de potenciar as exterioridades positivas. Para além dos fatores habitualmente enunciados, a existência de um número elevado de novas empresas emergentes de base tecnológica é outro dos elementos que pode influenciar a tomada de decisão de localização de investimentos. A reputação e a dimensão estratégica são, também, outros fatores críticos a considerar. As empresas terão de ser, obrigatoriamente, os centros de criação de riqueza da região e do país. Porque só haverá emprego se houver mercado de trabalho. É este o regresso ao futuro!
