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Foi preciso esperar por março para a primeira vitória azul e branca no Dragão, o que diz bem do rolo compressor emocional em que os adeptos do F. C. Porto foram enfiados. Depois de Olympiacos, Santa Clara, Sporting, Roma e Vitória de Guimarães, eis que os três primeiros pontos chegam, intactos, e com uma boa razão para ser: o F. C. Porto realizou uma das melhores exibições da época, embora frente a um adversário que não impôs sérios problemas e que jogou com 10 jogadores toda a segunda parte. De qualquer forma, o F. C. Porto do passado recente, temeroso e inqualificado para o jogo colectivo, jamais teria controlado um jogo nos noventa minutos fosse contra quem fosse. A equipa parece ter subido um patamar e será necessário esperar por Estoril e Benfica para perceber se este é um pré-lançamento de época ou uma razão para ainda existir no presente.
A construção a três na defesa adquiriu mais inteligência, acerto e subtileza com o regresso de Marcano. Os erros continuam em versão contra-pé mas Diogo Costa esteve lá. A projecção dos laterais, sejam eles João Mário ou Francisco Moura, é muito mais criteriosa, dando até ideia de que o momento defensivo já assiste a um equilíbrio maior a que não será alheio a presença de Eustaquio como líbero. O regresso de Rodrigo Mora, Fábio Vieira e Pepê, todos eles em crescendo de forma, permitiu posse de bola no último terço, desenvoltura, oportunidades e algum perfume no futebol jogado. Depois de um período em que a equipa raramente conseguia ligar três passes, há algo a acontecer no jogo colectivo do Dragão. Pena que seja tarde demais.
*Adepto do F. C. Porto
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)