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A Agenda 2030 e a persecução dos seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável constituem um enorme desafio para os países subscritores da ONU. O sucesso depende da apropriação das suas metas pelas entidades governamentais e órgãos de soberania, as autarquias, ONG, empresas e pela academia enquanto epicentro do conhecimento. Esta multiplicidade de atores deve conjugar esforços e alinhar os seus planos estratégicos pela agenda da sustentabilidade.
O Governo lançou em 2023 o Roteiro Nacional para o Desenvolvimento Sustentável e, através da Secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, dinamizou a coordenação interinstitucional e a preparação do relatório voluntário nacional, que tem envolvido uma ampla discussão com todos os atores e a sociedade em geral. Foi adotada uma abordagem participada e inclusiva numa ampla auscultação pública, contudo, não obstante o esforço temos um longo caminho a percorrer na utilização da Agenda 2030 como referencial para a consciência e a convergência das políticas públicas com o desenvolvimento sustentável.
Face a 2015, o relatório mostra que cerca de 60% dos indicadores monitorizados têm uma trajetória positiva, mas a radiografia ambiental divulgada no Dia do Ambiente mostra que é essencial um maior esforço dos decisores políticos e da sociedade. A trajetória é positiva na redução da emissão de gases e no uso das energias das renováveis, mas em contraste em alguns domínios como a reciclagem afastamo-nos da média europeia. Em termos de áreas setoriais, a agricultura e a indústria que representam cada cerca de 13% das emissões, acima da média europeia, são exemplos que exigem uma reflexão e medidas concretas de atuação.
Cumprir os objetivos da neutralidade carbónica deve manter-se como desígnio de todo um país, mas temos de evoluir em termos de crescimento económico e qualidade de vida dos cidadãos.
*Docente universitário