Comunicação interpessoal e relação dos jovens com o Mundo
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Numa época como a nossa em que o volume de informações é imenso e é cada vez mais vital conhecermos e compreendermos a nossa dependência de tudo o que se passa geograficamente perto ou longe de nós, impõe-se o questionamento sobre as fontes e meios de comunicação de que dispomos, qual a sua natureza e qual a utilização efetiva de que deles fazemos. Trata-se de podermos formar juízos críticos e agir perante as ameaças políticas, sociais e económicas que nos assolam ou favorecer os regimes e movimentos que nos proporcionam progresso e mais-valias.
Sabemos que os jornais tendem a ser menos consultados, pelo menos na sua integralidade. A rádio tem uma audição mais centrada nas viagens de automóvel, explorando a televisão maioritariamente programas de lazer, a par de segmentos noticiosos homogéneos em larga medida decorrentes de reportagens das agências noticiosas internacionais. Os canais sociais, apesar da sua diversidade, sendo desprovidos, na sua maioria, de uma mediação jornalística, são frequentemente sensacionalistas, não garantindo nem isenção, nem objetividade, nem veracidade, acabando, contudo, por ter uma enorme influência social.
É neste contexto que a descodificação da comunicação e a perceção do mundo que nos rodeia se tornam mais acutilantes, sendo imprescindível que sobretudo os jovens tenham aqui um protagonismo com vista ao presente e ao futuro. Tanto mais que a democratização do ensino e as tecnologias da comunicação lhes proporcionam essa possibilidade que por isso se tornou uma responsabilidade.
Torna-se assim preocupante que usufruindo cada vez menos dos órgãos tradicionais de comunicação, embora não sejam os únicos, exibam no quotidiano atitudes de um alheamento relacional físico patente no uso massivo e simultâneo de auscultadores e telemóveis que, traduzidos numa indiferença pessoal, os levam a não olhar e a não ouvir e, portanto, a não sentir tudo o que fica humanamente mais próximo, não ganhando por isso o mais longínquo... Não são todos mas constituem um grande número aquelas e aqueles para quem os auscultadores e os telemóveis, sendo ótimos recursos de relação, acabam por impor um preocupante alheamento.
*ISCET - Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo/Obs. da Solidão