A invasão pandémica não foi exatamente como a investida de Junot pelas fronteiras nacionais, mas a situação por cá continua próxima desse tempo: nada há a recear porque os ingleses estão a caminho para nos resgatar à penúria.
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O orgulho nacional mede-se assim - sempre se mediu assim -, como se todos estivéssemos melhor só quando os outros precisam de nós. Ou precisamente quando eles dizem que somos o que é preciso.
Portugal gosta de se sentir amado e os pastores que nos conduzem sabem sempre o que o povo gosta - embora raramente acertem no que o povo precisa.
Andamos por aqui, entre a humilde vontade de agradar a quem nos agracia com a sua importante saúde, e o orgulho de quem não está para tratar de ninguém.
No meio está cá o povo, resistente e agora com um plano resiliente, que resolve tudo menos os problemas que nos afligem. Os responsáveis pelo desaparecimento dos milhares de milhões, que teriam ajudado a não precisarmos de ajuda de ninguém, insultam-nos em comissões. E isto está como o "Comunicado" do Torga: Na frente ocidental nada de novo. / O povo / Continua a resistir. / Sem ninguém que lhe valha, / Geme e trabalha /Até cair.
*Jornalista