Só nos faltava mesmo mais esta: a ameaça de que a gripe suína, detectada no México, se propague e transforme numa pandemia à escala mundial.
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Com a economia num estado de debilidade acentuado, qualquer "infecção" pode protelar a recuperação muito para além do que seria desejável e expectável. Se a epidemia começar a espalhar-se, os movimentos internacionais de pessoas podem vir a ser gravemente limitados, condicionando as actividades económicas, a começar pelo transporte aéreo. Pior. Pode fornecer aos arautos do proteccionismo o pretexto por que tanto ansiavam: fechar fronteiras seria uma maneira de proteger a saúde pública. Uns beneméritos. Por todas as razões, é mais importante do que nunca que se esclareçam os contornos da doença, da sua transmissibilidade e do que fazer para nos protegermos. Sem alarmismos. O que cria uma oportunidade de ouro para que os órgãos de Comunicação Social demonstrem o seu sentido de responsabilidade social e provem que podem ter um papel fundamental no esclarecimento da opinião pública.
2. A ZON decidiu reposicionar a RTPN na grelha dos seus programas, substituindo-a pela TVI24. José Alberto Lemos, director da N, protestou. Fez bem. A invocação, pela ZON, de um putativo interesse dos seus clientes, é um argumento fácil. Fizeram algum estudo? Auscultaram alguma amostra de clientes? Para além deste jornal, a RTPN é o único meio de Comunicação Social com uma base a Norte. Nela emergiram alguns dos poucos novos protagonistas da região que vieram a ter visibilidade nacional, como Paulo Rangel, Azeredo Lopes e vários jornalistas. O Norte precisa de garantir canais para veicular a visão que, sobre o país e o Mundo, tem quem é de cá (independentemente de cá viver ou trabalhar). O que a ZON fez foi tratar da vidinha: "coçando as costas" a quem lhe pode "coçar as costas". Os clientes são, tão--só, uma boa desculpa para uma estratégia cuja racionalidade se autoconfirmará, sobretudo se empurrarmos a concorrência para a margem. A não ser que... A não ser que os clientes protestem e mudem. Aí sim, é a lei do mercado: votar com a carteira. Entretanto, protestemos! Para que não façam de nós parvos!
3. Está a decorrer, em Lisboa, um festival de cinema independente. O IndieLisboa. Os jornais recordam-no-lo diariamente. Com referência ao programa, crítica aos filmes, entrevistas. Tudo bem. É uma actividade importante que prolifera por esse Mundo fora. Vá ao Google, faça uma busca por "independent film festival". Encontrará cerca de 405 mil entradas e o nome de quase todas as principais cidades do Mundo. Lisboa fica bem na galeria. Quase ao mesmo tempo, durante 4 dias, decorreu no Porto um outro festival. Também independente. De cinema, mas não só: de criação artística a preto e branco. O "Black & White". Uma ideia luminosa, diferente. Faça um nova busca, com "black & white festival". Surgem pouco mais de 1200 entradas. Quase todas sobre o Porto. Pergunto: tinha notícia do dito? Provavelmente, não. Nem sequer no JN, na RTPN ou no suplemento Norte dos outros jornais. Um contra-senso: o que é único, distinto é que deve ser promovido, valorizado. Por ser e fazer a diferença. Mas não! Nós queremos é ser como os outros! Mesmo que seja para pior!