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"(Os)melhores alunos inscrevem-se no X. São filhos de pais com maior ambição, que também foramlá alunos.É concorrência desleal". "Há concorrência desleal. Os alunos do Y têm melhores notas. Logo, os pais escolhem-no primeiro".Desta forma lapidar, exprimiam dois directores de escolas do Estado a sua noção de concorrência desleal. Por esta lógica, os senhores em causa,quando vão às compras, perante maçãs com o mesmo preço, compram as mais ruins. E não têm fornecedores habituais. Na verdade a concorrência é aborrecida, dá trabalho. E, quando perdemos, é...desleal.
Não estão sozinhos quando assim pensam. Não raras vezes se ouvem responsáveis empresariais clamar contra um concorrente por "estragar o mercado". A concorrência e o mercado, em Portugal, são bons nos discursos e desejáveis... para os outros. O corporativismo salazarista e a omnipresença do Estado tornaram a concorrência numa estranha forma de vida. Que não se entranha.
Aquelas declarações podiam ser a cereja em cima do bolo de um episódio que se arrisca a ficar, na já de si conturbada história da educação,como o extremo de demagogia e populismo. Entre ministra, dirigentes associativos, e directores de escola, estatais ou privadas,poucos são os que foram capazes de manter a cabeça fria.Fazendo jus ao estatuto, a ministra tem-se esforçado por garantir o primeiro lugar que deve ter assegurado com a tirada sobre o lucro, as piscinas e o hipismo. O custo por aluno não conta e muito menos interessa se a escola em causa é bem gerida. O crime é ter lucro e poder construir equipamentos que não existem nas escolas estatais. Como se fosse verdade! Embalados nos discursos de inauguração, os governantes anunciam os equipamentos com que as novas escolas do Estado vão estar dotadas e que, duvido, as privadas possam adquirir. E falam-se de muitos milhões de investimento que, paradoxalmente (ou talvez não), nunca se vêem reflectidos no custo por aluno. Nemos custos com a manutenção posterior. É verdade que "quem parte e reparte...".Quando aplicada à verdade,chama-se demagogia.
Demagogia de que alguns acusam Paulo Portas (PP) por ter apresentado uma proposta sobre as limitações dos vencimentos dos gestores públicos, entrando numa outra corrida populista em que já estava anunciada a participação do PC, BE e algumas deputadas do PS. Como sei que PP sabe que nós sabemos que ele sabe como funcionam as empresas, a proposta apresentada pelo CDS não pode ser nem demagógica nem populista como, à primeira vista, parece.PP sabe que, desta maneira, poucos serão os quadros qualificados, com alternativa ou provas dadas no sector privado, que aceitarão integrar a Administração de empresas públicas. Os lugares ficarão reservados para a "boyada" que, rapidamente, aprofundará os seus problemas e as levará à falência. Uma forma pérfida, sibilina de destruir o sector empresarial do Estado. Uma jogada demestre. Dois em um. Parece populista mas é estratégica. Paulo Portas no seu melhor, reduzindo PC e BE a meninos de coro e as deputadas independentes do PS a boas samaritanas. Ou não?