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A primeira palavra vai para as pessoas que fazem o JN, quando se teme que possa ser destruído, destruindo a alma de todos os que crescemos com ele: um crescente movimento cívico não aceitará que o JN seja esvaziado e desvalorizado.
A segunda palavra vai para a 28. conferência das partes (COP28), a Cimeira do Clima, que tem estado sob fogo devido à omnipresença dos lobbies dos combustíveis fósseis a minar os compromissos finais.
Estamos a cinco anos e 220 dias do ponto de não retorno, a partir do qual o Planeta deixará de reunir os critérios de habitabilidade, agravando o aquecimento global, a extinção de espécies e a incapacidade de assegurar alimentos, saúde e vida. Para inverter e atenuar esse cenário, os governos têm de agir, mas não ao ritmo do que têm feito para os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável 2030.
Guterres disse: “o calor global recorde devia causar arrepios na espinha dos líderes mundiais”, porém os compromissos da COP28 resultam - entre outros - do lobby dos combustíveis fósseis e da pecuária intensiva (que também tem pegada no transporte dos animais), pois a resolução da pegada da produção de carne, o “elefante na sala” do aquecimento global e das alterações climáticas, continua a ser relegada para as decisões individuais, quando deve passar pela aposta política na agricultura regenerativa e na produção de proteína/alimentação de base vegetal. Não obstante, destaca-se um dado no que concerne à “Alimentação, agricultura e água”, pois, segundo dados oficiais da COP28, 2/3 das refeições diárias foram vegetarianas ou veganas.
Quando falamos da produção de animais (e não de objetos), a ética tem de ser trazida para o debate político, pois continua a tentar-se “tapar o sol com a peneira”, apostando na modificação genética dos animais para renderem mais (independentemente do sofrimento que isso lhes traga) ou alterando as rações para diminuir as emissões de metano (esquecendo os impactos da produção de ração). A COP30 no Brasil não poderá fugir ao tema, face ao desmatamento da Amazónia para produzir soja que alimenta animais para consumo humano.