Confiança e personalidade

Frente a um Famalicão competente e organizado com linhas juntas e recuadas, como se os 30 metros finais fossem a sua prova de vida, o F. C. Porto transmitiu sempre a ideia de que um fio de jogo sólido, com jogadores disponíveis para criar linhas de passe, receber a bola e, se necessário travar e recuperá-la ao adversário, acabaria por conseguir abrir a partida para a inevitabilidade do adversário acabar por se expor. Assim foi.

Aos 25 m, Otávio atira para contar e, ainda antes do intervalo, assiste Luis Díaz para aumentar a margem. A 14ª vitória consecutiva estava fabricada em solidez e faltam apenas duas vitórias (Marítimo e Arouca) a Sérgio Conceição para alcançar o recorde de André Villas-Boas. A seguir, o Sporting para suplantar e tentar cravar o título a fogo de Dragão. Quem quer saber de recordes quando se pedem títulos? Qualquer campeão se serve com a humildade que Vítor Bruno exprimiu: "Não queremos embriagar-nos". Sobriedade e foco.

Muito se fala da importância de Luis Díaz, Pepe, Uribe e de quão fundamentais são Vitinha, Fábio, Francisco, Evanilson, Bruno, João, Diogo, entre outros "miúdos", no momento de exuberância exibicional e solidez que o F. C. Porto vive. Tudo verdade. Sérgio Conceição, tantas vezes acusado de "conservadorismo à Marega", aproveitou o molde e fez, a seu tempo, crescer estes jogadores ao ponto de poderem vir a ser parte de um "Porto clássico".

Neste clube, nada se faz sem títulos e só estes trarão o carimbo de glória individual aos jogadores. Mas se há jogador que Conceição fez crescer, internacional português para desgosto de muitos, chama-se Otávio, capitão, o cimento da personalidade da equipa há anos e candidato à cidadania portuense "honoris causa".

A subir
Otávio foi o homem do jogo, Vitinha o habitual pêndulo, Fábio e Díaz desequilibradores, Bruno Costa sólido e confiante.

A descer
A perspectiva de enfrentar o Marítimo sem Uribe, Díaz e Taremi obrigará a repensar alguns protagonistas e a promover adaptações.

*Adepto do F. C. Porto