As pessoas e particularmente os jovens estão a desvincular-se da prática religiosa e a Igreja Católica é, no nosso país, a comunidade mais afetada por esta tendência. A confirmá-lo foi apresentada, no dia 4, uma publicação do sociólogo Eduardo Duque, que também é padre da diocese de Braga e responsável nacional pela Pastoral do Ensino Superior.
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Está a realizar-se a profecia proferida no Natal de 1969, aos microfones da rádio, pelo então pe. Joseph Ratzinger, o qual viria a ser o Papa Bento XVI. No último dos seus cinco discursos sobre a humanidade e a Igreja do futuro, afirmou: "Esta será menor e terá de recomeçar mais ou menos do início. Já não será capaz de habitar os edifícios que construiu em tempos de prosperidade. Com a diminuição de seus fiéis, também perderá grande parte dos privilégios sociais".
Foi um cenário preocupante aquele que Ratzinger traçou. Todavia, ele não previu como consequência o desaparecimento da Igreja, mas a sua purificação e regeneração. Acreditou que surgiria uma "Igreja mais simplificada e espiritual", correspondendo melhor aos anseios das pessoas. Será "a resposta que sempre haviam buscado em segredo".
O livro de Eduardo Duque analisa os resultados do Estudo Europeu sobre Valores, e conclui - segundo o jornal digital 7Margens - que entre 2008 e 2020 aumentou em Portugal o número de pessoas que atribuem importância a Deus: "Eram seis em cada dez e passaram a ser sete em cada dez". Verifica-se também que entre os católicos, mesmo os que se dizem não praticantes ou praticantes ocasionais, é dada hoje uma maior importância à oração.
As palavras proféticas de Ratzinger, e a revalorização que os portugueses estão a fazer da sua relação com Deus e a oração, desafiam a Igreja portuguesa a regenerar-se. E a corresponder melhor aos anseios profundos da humanidade.
Padre