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Quando a alta finança e a banca surgem retratadas no cinema, Hollywood presenteia-nos com imagens de profissionais impiedosos, de coração duro e que fazem o que têm de fazer, sem olhar a meios. Muitas vezes, todo este ambiente é regado a álcool e polvilhado de substâncias menos aconselháveis, que ajudam a manter o ritmo e dinâmica. O que o cinema se esquece de retratar é que toda esta dureza tem de ser mantida com o equivalente financeiro de um leitinho morno, uma chupeta e uma mantinha fofinha: uma carta de conforto. Então não é que o Estado português, em 2015, naquele período do segundo Governo de Passos, que durou 27 dias, escreveu uma "carta de conforto" aos bancos a garantir que, após a privatização da TAP, o Estado recompraria a empresa e pagaria a dívida, em caso de incumprimento? E quem me conforta a mim ao ler isto?
*Jornalista